Elias Marinho
19/09/2013 às 20:23
Santa Maria - DF
Um dia depois da escola, pedi à minha mãe que me pusesse na banheira. pedi que, ao sair, fechasse a porta. Depois enfiei a cabeça debaixo d'água. No silêncio, pensamentos invadiram minha mente. Tinha planejado de antemão o que queria dizer.
Se Deus não vai acabar com a minha dor e se não existe propósito para mim nesta vida... Se estou aqui apenas para sentir rejeição e solidão...Sou um fardo para todo mundo e não tenho futuro...Preciso dar um fim a isto agora.
Como mencionei anteriormente, quando descrevi meu método de natação, eu conseguia boiar de costas enchendo os pulmões de ar. No momento, calculava qual era a quantidade de ar que devia deixar nos pulmões antes de virar. Devo segurar o ar antes de virar? Respiro fundo, com toda a capacidade dos pulmões, ou apenas metade? Esvazio os pulmões e depois me viro?
Por fim, simplesmente me virei e afundei o rosto na água. Instintivamente, prendi a respiração. Uma vez que tenho os pulmões fortes, boiei durante um intervalo de tempo que pareceu uma eternidade.
Quando meu ar acabou, virei o corpo de novo.
Não consigo fazer isso.
Mas os pensamentos sombrios persistiam. Quero ir embora daqui, quero desaparecer.
Esvaziei os pulmões e me virei mais uma vez. Eu sabia que era capaz de segurar a respiração por pelo menos dez segundos, então comecei a contar: 10...,9...,8...,7...,6...,5...,4...3
Enquanto contava, uma imagem passou como um raio por minha mente: meu pai e minha mãe no meu túmulo, chorando. Vi meu irmão de 7 anos de idade, Aaron, em prantos. Estavam todos desconsolados, derramavam lágrimas, diziam que a culpa era deles, que deviam ter feito mais por mim.
Não pude suportar a ideia de deixar que eles se sentissem responsáveis pelo resto da vida por minha morte.
Estou sendo egoísta.